terça-feira, 17 de abril de 2007

Chance de medalha no Pan faz atletas trocarem jiu-jitsu pelo boxe

À primeira vista, jiu-jitsu não tem nada em comum com o boxe. Esta avaliação parece correta para muitos, mas precoce para dois atletas que se garantiram nos Jogos Pan-Americanos: o baiano Antônio Rogério 'Minotouro' Nogueira e o paraense Davi Souza. Os dois pugilistas deixaram o jiu-jitsu de lado em busca da realização de um sonho - uma medalha no Pan. E, para isso, o primeiro passo foi dado: os dois fazem parte da equipe titular que disputará a competição.

Davi Souza, 23, começou no jiu-jitsu aos 15 anos. Foi quando, aos 18 anos surgiu a oportunidade de treinar com Ulisses Pereira, atual técnico de Acelino Freitas, o Popó. O paraense não pensou duas vezes. "Meu sonho era treinar boxe", justificou.

O atleta chegou a conciliar os dois esportes durante um tempo. Mas acabou optando por praticar somente o boxe pela possibilidade de alçar 'vôos mais altos'. "Estava muito cansativo para mim. Além de lutar, eu estudava. Não dava mais para conciliar", declarou Davi, que tem o 1º grau completo.

Com o boxe, começaram a surgir os títulos. E a chance de defender a seleção brasileira em grandes competições. Para o Pan, Davi, que está bem próximo da vaga na categoria 57 kg, é só otimismo, principalmente quando fala de seus futuros adversários. "Os cubanos são seres humanos que têm dois braços e pernas como qualquer um. Não tenho medo deles".

Um dos grandes problemas encontrados pelos atletas é a dificuldade de adaptação. Davi confessa que sofreu muito no início. "Por causa do jiu-jitsu eu queria jogar o adversário no chão quando comecei a lutar boxe".

Para Minotouro, que aplica o jiu-jitsu nas competições de vale tudo, a principal diferença está na rotina de treinos. "No boxe, eu priorizo a parte aeróbica. Pouco peso e muita parte aeróbica. No jiu-jitsu, a preparação é mais muscular", explicou.

O atleta, que concilia os dois esportes, vê como um aspecto negativo a falta de tempo para descansar. "Neste início de ano, achei que fosse descansar, sem lutas do vale tudo. Mas a seletiva para o Pan atrapalhou meus planos", declarou o atleta, que disputa uma vaga na categoria acima de 91 kg.

"Além disso, tive que cancelar lutas do vale tudo para participar da seletiva, o que me atrapalhou financeiramente", disse Minotouro, que tem como principal fonte de renda o vale-tudo, mas deixou o esporte de lado em busca de uma boa performance no Pan e da vaga nos Jogos Olímpicos.

E é justamente o aspecto financeiro que faz o paraense Róbson Fonseca pensar em seguir direção oposta a de Minotouro e Davi: trocar o boxe pelo jiu-jitsu. O atleta, que está prestes a completar 27 anos, sofre com falta de apoio financeiro para pagar suas despesas.

Atualmente, Róbson é o reserva da equipe de boxe que irá para o Pan. O atleta luta para reverter esse quadro e conquistar uma medalha na competição, pois acredita que assim dará uma "guinada" na sua carreira.

"Quero ser alguém no boxe. Estou me esforçando para conseguir a vaga e uma medalha no Pan, para assim ser reconhecido pela sociedade".

Vítor Belfort teve uma tentativa frustrada

Em 2000, o lutador de vale-tudo Vítor Belfort passou por uma situação vexatória. A Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) organizou uma seletiva "secreta" para facilitar a ida de Belfort para os Jogos Olímpicos de Sydney pela categoria até 91 kg, já que o lutador havia declarado publicamente o desejo de disputar a competição.

Só que, para isso, Belfort teria que vencer o titular da categoria, Marcelino Novaes, para ter o direito de disputar o segundo Pré-Olímpico, no México, no lugar de Novaes. Belfort perdeu a luta por 6 a 2, sendo que foi duas vezes à lona durante os quatro rounds de disputa. Depois disso, ainda foi marcada uma revanche, mas Belfort não apareceu, encerrando de forma prematura sua carreira.

O irmão de Minotouro, Rodrigo Minotauro, chegou a disputar a seletiva para os Jogos Olímpicos de Atenas, sem sucesso. A entrada de Minotauro no grupo da seletiva foi uma tentativa mal sucedida da CBBoxe de atenuar a má participação da seleção do boxe no Pan de Santo Domingo.

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